
Liderança Ambidestra, neste momento que vivemos, para uma plateia mais desatenta, pode parecer coisa de circo. Afinal, o hoje na vida das empresas e nos mercados é tão desafiador como ver um equilibrista de pratos. Gente sempre atenta e fazendo muita força o tempo todo para não deixar nada cair. Um espetáculo cheio de emoções, suspense e com sucesso garantido.
Espetáculo à parte, esta analogia traz alguma verdade se você percebe que o artista na verdade é um líder. Um profissional capaz de usar ambas as mãos – no sentido figurativo – em equilíbrio e harmonia. Ele tem que acompanhar a empresa, fazer tudo aquilo que um bom gestor faz e ao mesmo tempo colocar novos pratos no ar… ou seja, inovar.
Crescimento e inovação. Tudo ao mesmo tempo e agora o tempo todo. Como gestor, tem que melhorar o desempenho, corrigir, recuperar, fortalecer e maximizar processos para poder crescer. Como inovador, antecipar oportunidades, desenvolver o novo, estar na frente da curva e acompanhar o cliente em suas necessidades e dificuldades apresentando soluções na forma de novos produtos e serviços.
Isso só é possível, através da liderança exponencial de alguém que enxerga o futuro, acompanha a tecnologia, se apaixona por impactos positivos e desenvolve inovações. Com um líder assim, a empresa se torna capaz de criar o equilíbrio necessário para construir essa realidade, se mantendo no jogo e ganhando posições.
Para conseguir recursos para a jornada é muito importante se aperfeiçoar, evitar desperdício burocrático, intelectual e emocional. É preciso ganhar tempo e poupar recursos para serem investidos na inovação.
O Grande desafio da Liderança Ambidestra
Pela definição de Jeff Immelt, CEO da General Eletric, liderança ambidestra é uma filosofia de gestão que combina eficiência e criatividade. A dificuldade começa em olhar as peças deste quebra-cabeças em separado. Vou dar um exemplo:
Gestor cartesiano que elabora seu planejamento com avaliações quantitativas (os números não mentem) buscando eficiência máxima, custo mínimo e melhores produtos maximizando os lucros – VERSUS – Gestor holístico que elabora seu planejamento em avaliações qualitativas (mais subjetivas e com conteúdo emocional) buscando o produto adequado a um segmento, com custo possível e com sustentabilidade ambiental.
Você percebeu a pegadinha tenho certeza. A resposta depende do produto, da empresa e do momento. Graças a Liderança Ambidestra não precisamos fazer escolhas assim. O objetivo dela é conseguir o melhor dos 2 mundos equilibrando as práticas de gestão.
Quando se trata de inovação os processos são mais criativos, radicais, disruptivos, tecnológicos, desorganizados e incrementais. Pensando apenas na gestão de processos e produtos os mares são mais previsíveis e sem dúvida muito mais ordenados. Simplificando bastante você pode perceber que a liderança ambidestra pode ser entendida também como a habilidade de usar as duas mãos (direita e esquerda) com a maestria e simultaneamente com uma delas cuidando do presente (gestão), e a outra preparando o futuro (inovação).
Desenvolvimento que depende de liderança
Sobre este líder temos que lembrar algumas das características que o tornam tão especial.
– Alta inteligência emocional
– Grande capacidade cognitiva
– Muita flexibilidade para balancear questões operacionais e de desenvolvimento
– Capacidade de administrar conflitos
– Gerir o dia a dia, mesmo em crises sem perder de vista o futuro, percebendo as mudanças sutis até que ele se torne presente.
Roy Charles Amara nasceu em 1925 e sempre misturou arte e ciência. Morreu em 2007. Como cientista escolheu o futuro como tema e criou uma lei que leva seu nome e que diz: “Tendemos a superestimar o efeito de uma tecnologia no curto prazo e a subestimar seu efeito no longo prazo”.
Para nosso interesse, aqui no blog, basta imaginar uma subida gigantesca de montanha russa em um curto espaço de tempo (100 de visibilidade – esse é nosso interesse inicial), depois um vale quase tão profundo de desinteresse (10 de visibilidade – o mundo perde interesse no mesmo curto tempo) e na sequência, uma curva suave de subida e um patamar de 70 por muitos e muitos anos (assim segue a visibilidade e o uso da tecnologia no passar dos anos).
O grande líder não prevê o futuro, mas acompanha a sua construção
Como não existe bola de cristal certificada, um líder ambidestro sabe que o futuro é volátil, incerto, complexo e ambíguo (VUCA é a sigla em inglês) e deve sempre trabalhar sua equipe com habilidades diferenciadas como:
– Mindset
– Resiliência
– Pesquisa
– Educação Continuada
– Desenvolvimento e Parcerias
Talvez, a única regra sobre inovação que podemos ter certeza é que ela vai ser desconstruída e reconstruída muitas vezes. Da mesma forma que a percepção e o conhecimento.
Deixo mais uma imagem para seu mosaico sobre este assunto. Alan Turing, o homem que construiu o primeiro computador eletromecânico em 1950, queria fazer na verdade uma máquina com capacidade de aprender. Passados 80 anos a Inteligência Artificial (IA) continua promessa cada vez mais próxima apesar dos trancos e barrancos. Uma boa liderança não segue obrigatoriamente o comportamento de manada ou mania mundial. Obrigatoriamente está focada no mercado e principalmente nos clientes para desenvolver para eles produtos e serviços que os ajudem também nesta caminhada.